É difícil interpretar as quadras de Nostradamus com precisão por três motivos.
O primeiro é que ele fazia uso de muitos anagramas, palavras cujas letras são embaralhadas para que se dificulte o entendimento e para evitar referencias direta a pessoas importantes que poderiam se ofender, entretanto, é difícil de entender o porquê fazer isso para se referir a eventos ou pessoas que só apareceriam centenas de anos após sua morte, como Napoleão, por exemplo, em “Paul, Nay, Loron” ou “Napaulon Roy” que quer dizer “Napoleão Rei”.
Segundo, os escritos de Nostradamus sofrem o mesmo destino dos escritos mais vagos, quando editores ou tradutores tentam torná-los mais claros mudando-os levemente. Sendo assim, às vezes, é difícil dizer se Nostradamus de fato previu alguma coisa com detalhamento surpreendente ou se aqueles que transmitiram o texto após o evento fizeram mudanças sutis em seus escritos para ajustá-los com mais exatidão. Esse processo é chamado de “retrovisão”.
Em terceiro, ver uma quadra de Nostradamus é “como olhar um borrão de tinta”. Para ficar mais claro para vocês, vou usar um exemplo: no famoso teste de Rorschach, pede-se às pessoas que observem borrões muito nebulosos e digam aos psiquiatras o que vêem. A resposta das pessoas revela muito mais sobre elas do que sobre os borrões. Assim como não existe interpretação certa ou errada de um borrão de tinta de Rorschach, é impossível uma interpretação objetiva dos escritos de Nostradamus. Como observou Richard Smoley “muito poder das quadras de Nostradamus vem de sua obscuridade. Isso permitiu às pessoas tirar muitos significados delas. [...] Nostradamus era inteiramente capaz de escrever com clareza quando desejava. Mas com muita frequência ele decidia não fazer isso”.
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